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Quando você menos espera, ela chega para você. Ela chega como um canhão, que atravessa seu peito e perfura seu coração. Você se sente sozinho, desprotegido, e faz o possível para fugir dela, mas isto é quase impossível, foram poucos os que conseguiram este feito. Ainda assim você corre, corre como o canhão que é a morte. Não aceita que é sua vez, e acaba indo a loucura se vendo perdido nos efeitos colaterais, se vê deprimido, triste, com medo, e principalmente louco. Medo de que ela não seja calma para você, de que corra muito rápido, de que faça mal para alguém, e de que a impeça de descansar. Para. Respira. Volte a correr, uma pausa não é um fim. Tem pessoas que quase a deixam lhe alcançar, mas ela resolve deixá-las passar, só mais uma vez. Talvez por ter sido alguém bom em vidas passadas, um amigo. As vezes um amante, sabe. A morte tem vários amantes, e quando ela não os mata, restam apenas os efeitos colaterais, que os perseguem pelo resto da vida. Pelo menos os meus nunca foram embora.

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→O canto da sereia.←

Música


''Ninguém realmente se parece por fora com o que é de fato por dentro.'' - O Oceano no Fim do Caminho.

April caminhava calmamente pela areia da praia, com seus shorts jeans, camiseta e chinelos na mão. Ela sentia a areia leve em seus pés, e fitava o vazio que se formava a sua volta, não muito impressionada. Depois das repentinas mortes por afogamento que ocorreram no último mês, cada vez mais a praia tornava-se solitária, tendo companhia apenas de alguns turistas e dos trabalhadores dentro dos quiosques, que já estavam indo embora também. Era de manhã, mais especificamente oito horas, e April já conseguia sentir a água batendo em seus calcanhares. Ela volta rapidamente para um guarda-sol que viu vazio e deixa seus chinelos e sua mochila ali. Iria voltar logo, e, não tem nada de valioso ali.


Retornando a caminhar para a água, ela pensa em seus últimos dias: o término de seu relacionamento, a perda do emprego, a morte de seu irmão gêmeo, e quase torna a chorar, mas se segura. Decide esquecer isso por um tempo, e assim vai caminhando para a água até o momento em que ela bate um pouco abaixo de sua cintura. Deixando-se levar pelas ondas, ela dá voltas como se fosse dançar ballet ali mesmo. Até que vê ela. Uma menina loira, ao longe, se divertindo tanto quanto ela, dançando sob ondas. A garota cantava, com uma voz melodiosa e hipnotizante, e então April se vê nadando até lá, mas quando mais chega perto, mais longe era parece estar. Ela decide nadar ainda mais rápido, mas não consegue alcançar a garota loira, e então começa a gritar. Mais tarde ela não saberia exatamente o que gritou, mas percebeu a loira virar o rosto para ela. Tinha uma expressão suave, um rosto fino e lábios rosados e carnudos. De tamanha a distância, era inegável que seus olhos eram claros, mas não estava perto o suficiente para distinguir qual cor, só sabia que a garota parecia uma albina, e que ela estava ali, parada, esperando por ela.
Então foi decidido ir até a garota, e assim foi feito. Cada vez que chegava mais perto, ela podia perceber um tom rosado nas pernas da garota, mas não ligou para isso, e começou a correr em direção dela. Não sabia o motivo e nem o que a levaria ir até esta mulher, só sentia que devia fazer isso, como se estivesse cada vez puxando-a para mais perto. As ondas já chegavam um pouco acima de seu umbigo, e quando chegou perto da garota de pernas rosadas, tomou um susto: elas eram grudadas. Estranhou, pois de longe tinha visto uma garota com duas pernas dançando, até que mergulhou no mar e viu. Era uma sereia.

~

A sereia acariciava os cabelos ruivos de April, enquanto ela não acordava. Quando isto aconteceu, a ruiva se levantou repentinamente da areia e ficou em silêncio durante alguns minutos observando sua companheira, e então disse:
— O que você é?
— Uma maldição.
— Uma sereia. — rebateu April.
Neste ponto, as duas já estavam de pé na areia, uma em frente a outra.
— Sou uma maldição, que você deveria ter fugido. Agora que me alcançou, viverá o resto de sua vida sentindo um pouco de minha dor. — disse a sereia, que neste momento estava novamente com suas duas pernas.
— Como assim? — perguntou April.
— Deixe-me lhe mostrar — e assim foi feito.
April recebeu um beijo na boca, e enquanto isto acontecia, sentia um sentimento apaixonante, ao mesmo tempo um sentimento de sua alma sendo sugada, como se a garota fosse uma espécie de dementador. Depois do beijo terminar, ela finalmente compreendeu o que a sereia quis dizer.
— Não! Não me deixe, por favor! — Mas quando viu, a loira já estava voltando em direção ao mar.
Teve vontade de correr e não deixá-la ir embora, mas sabia que de nada adiantaria. Esperou a loira estar a uma boa distância para permitir-se lágrimas, e a viu olhando para trás e a fitando, antes de suas pernas tomarem um tom rosado novamente e desaparecer após uma onda. Não demorou cinco minutos e já poderia sentir os efeitos da maldição, a qual já compreendera: o beijo da sereia a fez se apaixonar por ela. 
A partir disso, os cantos da sereia nunca mais desapareceram de seus sonhos, seus cabelos loiros caindo sob o rosto nunca desapareceram de suas pinturas, e sua dor que não deixava-se transparecer nunca desapareceu de seu coração, tomando sua vida e trancando April na infinita escuridão. O canto de uma sereia era mortal, e o amor também.

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Olá, pessoal! Este é um conto um pouco antigo, um dos primeiros textos que escrevi e gostei tanto a ponto de não jogá-lo no lixo. Estarei voltando as aulas essa semana e logo menos terei provas, então o fluxo de postagens nessa semana e na próxima não será muito intenso, principalmente na semana seguinte. Tentarei deixar algumas postagens programadas, mas avisarei quando isso acontecer. Espero que tenham apreciado este conto, estou tentando trazer coisas novas para o blog, se tiverem dicas de postagens podem deixar nos comentários que eu ficaria muito grata. Beijos ~

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Odeio me descrever, pois até isso é confuso para mim. Eu sou confusa, com meu copo de tristeza que nunca esvazia, e minha impulsividade. A confusão de palavras na minha mente, e o quão confuso é meu gosto musical e literário. Faço uma bagunça na minha casa, em uma vida e nos meus cadernos de anotações. Vivo em uma baderna de cores, auras, almas. Auto-descrição é muito confuso, mas não tem melhor maneira de me descrever usando a confusão. Sou misturada, uma desordem, um pandemônio e um distúrbio.
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